Lista de pontos
Não estamos sozinhos. Vae soli129: infelizes os que estão sós. Procuremos que não nos falte o senso de responsabilidade, sabendo que somos elos da mesma corrente. Por isso — cada um dos filhos de Deus em sua Obra o deve dizer verdadeiramente — quero que esse elo que sou não se rompa: porque, se me romper, trairei a Deus, a Santa Igreja e os meus irmãos. E nos regozijaremos com a força dos outros elos; ficarei feliz por haver elos de ouro, de platina, cravejados de pedras preciosas. Nenhum filho de Deus está sozinho, nenhum é um verso solto: somos versos de um mesmo poema épico, divino, e não podemos romper essa unidade, essa harmonia, essa eficácia.
Tendes de ser vitoriosos em vossas misérias, tornando os outros vitoriosos. Juntos, me ajudareis a perseverar. Com erros, que todos nós temos e que — quando os reconhecemos, pedindo perdão ao Senhor — tornam-nos humildes e merecedores de dizermos, com a Igreja: felix culpa!130
Assim alcançaremos a serenidade, ajudar-nos-emos a querer e a viver nossa própria santidade e a dos outros; e teremos aquela fortaleza que é a fortaleza das cartas do baralho, que não podem se sustentar sozinhas, mas que, apoiando-se umas nas outras, podem formar um castelo que se mantém em pé. Deus conta com nossas fraquezas, com nossa debilidade e com a debilidade dos outros; mas conta também com a fortaleza de todos, se a caridade nos unir. Amai a bendita correção fraterna, que assegura a retidão do nosso caminhar, a identidade do bom espírito: vai e corrige-o a sós. Se te ouvir, terás ganho o teu irmão131.
Tenhamos um coração grande, para amar todas as criaturas da terra com seus defeitos, com seus modos de ser. Não esqueçamos que, às vezes, é preciso ajudar as almas para que caminhem pouco a pouco; temos de estimulá-las com paciência para que avancem lentamente, de modo que mal percebam o movimento, embora estejam caminhando.
Em nossa semeadura de paz e de alegria será necessário difundir, promover e defender a legítima liberdade pessoal dos homens; o dever que cada homem tem de assumir a responsabilidade que lhe corresponde nas tarefas terrenas; a obrigação de defender também a liberdade dos outros, assim como a própria, e de compreender todos; a caridade de aceitar os outros como são — porque cada um de nós tem culpas e erros —, ajudando-os com a graça de Deus e com garbo humano a superar esses defeitos, para que todos possamos sustentar-nos e portar com dignidade o nome de cristãos.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/book-subject/cartas-1/28423/ (16/11/2025)