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Há 7 pontos em "Em Diálogo com o Senhor", cuja matéria seja Cruz.

Amar a cruz

No Opus Dei, o Senhor deu-nos um sistema pa- ra que a cruz que Ele mesmo nos impõe – ou permite que as circunstâncias, as coisas ou as pessoas nos imponham –, para que a cruz que Ele fez para nós não nos pese; esse sistema consiste em amar a cruz de Cristo, em carregar a cruz serenamente, a prumo, sem a deixar cair, sem a arrastar; em abraçar as contrariedades, sejam quais forem – internas e externas –, e saber que todas têm o seu fim, e que todas são um tesouro maravilhoso. Quando se trata realmente da cruz de Cristo, essa cruz já não pesa, porque não é nossa; já não é minha, mas dele, e Ele carrega-a comigo. Deste modo, meus filhos, não há pena que não se vença com rapidez, e ninguém poderá tirar-nos a paz e a alegria.

«Diligam te, Domine, fortitudo mea!»1: eu Te amo, Senhor, porque Tu és a minha fortaleza: «quia tu es, Deus, fortitudo mea»2. Descanso em Ti! Não sei fazer coisa alguma, nem grande nem pequena – não há coisas pequenas, se as fizer por amor –, se Tu não me ajudares! Mas, se empenhar a minha boa vontade, o braço poderoso de Deus virá fortalecer, temperar, sustentar, carregar aquela dor; e esse peso já não nos esmaga.

Pensai bem nisto, meus filhos; pensai nas circunstâncias que rodeiam cada um, e sabei que as coisas que aparentemente não correm bem, que nos contrariam e nos custam, nos são mais úteis que aquelas que, aparentemente, correm bem sem esforço. Se esta doutrina não for clara para nós, surge o desconcerto, o desconsolo. Pelo contrário, se tivermos apreendido bem toda esta sabedoria espiritual, aceitando a vontade de Deus – ainda que custe – nessas circunstâncias precisas, amando a Cristo Jesus e sabendo-nos corredentores com Ele, não nos faltará a clareza, a fortaleza para cumprirmos o nosso dever, a serenidade.

Dizei a Jesus comigo: Senhor, só queremos servir- -Te! Só queremos cumprir os nossos deveres particulares e amar-Te como enamorados! Faz-nos sentir o teu passo firme ao nosso lado. Sê o nosso único apoio. Nada vos roubará a paz, meus filhos; se viverdes com essa confiança, nada poderá tirar-vos a alegria, ninguém poderá fazer vacilar a nossa serenidade; na vida, tudo tem conserto menos a morte, e a morte, para nós, é vida.

Contemplativos na vida ordinária

«Benedixisti», lê-se na Sagrada Escritura, «Domine, terram tuam; avertisti captivitatem Iacob»11: Senhor, abençoaste a tua terra, destruíste o cativeiro de Jacob. Repito que já não nos sentimos escravos, mas livres: tudo nos leva a Deus. E, nesse caminhar pela senda do Opus Dei, vamos seguros, porque temos uma orientação que nos impede de nos enganarmos: a confissão e a conversa confidencial com o vosso irmão, se forem sinceras, se não se deixar entrar o demónio mudo. No nosso caminho espiritual, temos, em cada momento, algo parecido com esses sinais que se veem nas estradas para orientar os viajantes. Não é possível – repito –, de modo algum, que um membro do Opus Dei – se for fiel ao nosso espírito – se extravie nas voltas e revoltas da sua vida interior.

Assim, a alma inflama-se com as luzes do Cântico: «Surgam et circuibo civitatem»12: levantar-me-ei e rondarei pela cidade... E não só pela cidade: «Per vicos et plateas quæram quem diligit anima mea»13: procurarei pelas ruas e praças aquele que a minha alma ama... Correrei de um lado ao outro do mundo – por todas as nações e aldeias, por caminhos e atalhos – para procurar a paz da minha alma. E encontro-a nas coisas que vêm de fora, que não são um estorvo para mim; pelo contrário, são vereda e degrau para me aproximar mais e mais, e mais e mais me unir a Deus.

E, quando chega a época – que tem de chegar, com mais ou menos força – dos contrastes, da luta, da tribulação, da purificação passiva, o salmista põe-nos na boca e na vida aquelas palavras: «Cum ipso ero in tribulatione»14: estou com Ele no tempo da adversidade. Que vale, Jesus, diante da tua cruz, a minha, diante das tuas chagas, os meus arranhões? Que vale, diante do teu amor imenso, puro e infinito, esta cruz pobrezinha que puseste na minha alma? E os vossos corações e o meu enchem-se de um zelo santo, «ut nuntietis ei quia amore langueo»15: para que Lhe digais que morro de amor. É uma doença nobre, divina; somos os aristocratas do amor no mundo!, posso afirmar, usando a expressão de um velho amigo.

Não somos nós que vivemos, é Cristo quem vive em nós16. Há uma sede de Deus, um desejo de procurar as suas lágrimas, as suas palavras, o seu sorriso, o seu rosto... Não encontro melhor modo de o dizer que voltar a empregar as frases do salmo: «Quemadmodum desiderat cervus ad fontes aquarum»17: como o veado anseia pelas fontes das águas, assim a minha alma anseia por Vós, meu Deus!

Paz. Sentirmo-nos metidos em Deus, endeusados. Refugiarmo-nos no lado aberto de Cristo. Sabermos que cada um espera ansiosamente o amor de Deus: do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. E o zelo apostólico inflama- -se, aumenta cada dia, porque o bem é difusivo. Queremos semear a alegria e a paz no mundo inteiro, regar todas as almas com as águas redentoras que brotam do lado aberto de Cristo, fazer todas as coisas por amor. Então, não há tristezas, nem penas, nem dores; elas desaparecem quando se aceita deveras a vontade de Deus, quando se cumprem com gosto os seus desejos, como fazem os filhos fiéis, ainda que os nervos se esgotem e o suplício pareça insuportável.

Introdução

Terei de retirar-me daqui a pouco, mas gostaria de vos dizer umas palavrinhas antes de me ir embora. Vede que lindo é o Menino; está indefeso.

Os vossos irmãos cantavam que Ele «veio à terra para sofrer», e eu digo-vos: para sofrer e para evitar sofrimentos aos outros. Ele sabia que vinha para a cruz; e, no entanto, há agora umas teorias, uma falsa ascética, que apresenta o Senhor na cruz enraivecido, dizendo aos homens: Eu estou aqui na cruz, e por isso também vos cravo nela. Não, meus filhos! O Senhor estendeu os braços com gesto de Sacerdote eterno, e deixou-se pregar ao madeiro da cruz para que nós não sofrêssemos, para que os nossos sofrimentos fossem mais suaves, doces até, amáveis.

Nesta Terra, a dor e o amor são inseparáveis; nesta vida, é preciso contar com a cruz. Quem não conta com a cruz, não é cristão; quem não conta com a cruz, encontra-a na mesma, e, além disso, encontra o desespero na cruz. Se contardes com a cruz, com Cristo Jesus na cruz, podeis estar certos de que, nos momentos mais duros, se aparecerem, estareis acompanhadíssimos, felizes, seguros, fortes; mas, para isso, tendes de ser almas contemplativas.

Vós sois a continuidade

Meus filhos, quereis dizer comigo ao Senhor que não tenha em conta a minha pequenez e a minha miséria, mas a fé que me deu? Eu jamais duvidei! E isto também é teu, Senhor, porque vacilar é próprio dos homens.

Quarenta e quatro anos! Meus filhos, lembro-me agora do quadrinho com a imagem de São José de Calasanz que mandei colocar junto da minha cama. Vejo o santo vir a Roma; vejo-o permanecer aqui, ser maltratado. E nis- so, vejo-me parecido com ele. Vejo-o santo – e nisso, não me vejo parecido –, até uma ancianidade veneranda.

Sede fiéis, filhos da minha alma, sede fiéis! Vós sois a continuidade. Como nas corridas de obstáculos, chegará o momento – quando Deus quiser, onde Deus quiser, como Deus quiser – em que tereis de ser vós a continuar a corrida, a passar o bastão uns aos outros, porque eu já não poderei fazê-lo. Procurareis que não se perca o bom espírito que recebi do Senhor, que se mantenham íntegras as características peculiares e concretas da nossa vocação. Transmitireis este nosso modo de viver, humano e divino, à próxima geração, e esta à outra, e à seguinte.

Senhor, peço-Te tantas coisas paraos meus filhos e para as minhas filhas... Peço-Te pela sua perseverança, pela sua fidelidade, pela sua lealdade! Seremos fiéis se formos leais. Peço-Te que passes por alto, Senhor, as nossas quedas; que ninguém se sinta seguro se não combater, porque de onde menos se pensa salta a lebre, como diz o provérbio. E todos os provérbios estão cheios de sabedoria.

Compreendei-vos, desculpai-vos, amai-vos, vivei com a certeza de estardes sempre nas mãos de Deus, acompanhados pela sua bondade, sob o amparo de Santa Maria, sob o patrocínio de São José e protegidos pelos anjos da guarda. Nunca vos sintais sós, mas sempre acompanhados, e estareis sempre firmes; com os pés no chão e o coração lá em cima, para saberdes seguir o que é bom.

Deste modo, ensinaremos sempre a doutrina sem erros, agora que há tantos que não o fazem. Senhor, amamos a Igreja porque Tu és a sua cabeça; amamos o Papa, porque tem a função de Te representar. Sofremos com a Igreja – a comparação é do verão passado – como sofreu o Povo de Israel naqueles anos de permanência no deserto. Porquê tantos, Senhor? Talvez para que nos pareçamos mais contigo, para que sejamos mais compreensivos e nos enchamos mais da tua caridade.

Belém é o abandono; Nazaré, o trabalho; a vida pública, o apostolado. Fome e sede. Compreensão, quando trata com os pecadores. E na cruz, com um gesto sacerdotal, estende as mãos para que caibamos todos no madeiro. Só se pode amar a humanidade inteira – e nós queremos bem a todas as almas, não rejeitamos ninguém – do alto da cruz.

Vê-se que o Senhor quer dar-nos um coração grande... Olhai como nos ajuda, como cuida de nós, como se nota claramente que somos o seu «pusillus grex»8, quanta fortaleza nos dá para orientar e corrigir o rumo, como nos impele a lançar aqui e ali uma pedra que evite a desagregação, como nos ajuda na piedade com o seu assobio amoroso.

Obrigado, Senhor, porque sem amor verdadeiro a entrega não teria razão de ser. Vivamos sempre com a alma repleta de Cristo, e o nosso coração saberá acolher, purificadas, todas as coisas da Terra. Assim, deste coração, que refletirá o teu coração amadíssimo e misericordioso, sairá luz, sairá sal, sairão labaredas que tudo abrasem.

Recorramos a Santa Maria, Rainha do Opus Dei. Lembrai-vos de que, por fortuna, esta Mãe não mor- re. Ela conhece a nossa pequenez, e para ela somos sempre meninos pequenos, que cabemos no descanso do seu regaço.

A luta ascética, compromisso de amor

Na Obra, todos temos um compromisso de amor, livremente assumido, com Deus Nosso Senhor. Um compromisso que se fortalece com a graça pessoal, própria do estado de cada um, e com a outra graça específica que o Senhor dá às almas que chama para o seu Opus Dei. Sabe-me a mel e a favo aquela divina declaração de amor: «Redemi te, et vocavi te nomine tuo, meus es tu!»7: redimi-te e chamei-te pelo teu nome, tu és meu! Não nos pertencemos, meus filhos; somos dele, do Senhor, porque nos deu na gana responder: «Ecce ego, quia vocasti me!»8: aqui estou, porque me chamaste!

Um compromisso de amor, que é também um vínculo de justiça. Não me agrada falar só de justiça quando falo de Deus; na sua presença, recorro à sua misericórdia, à sua compaixão, como recorro à vossa piedade de filhos para que rezeis por mim, pois sabeis que a minha oração não vos falta em nenhum momento do dia nem da noite.

Mas que matéria tem esse compromisso de amor? A que nos obriga? A lutar, minhas filhas e meus filhos. A lutar, com o fim de pormos em prática os meios ascéticos que a Obra nos propõe para sermos santos; a lutar, para cumprirmos as nossas normas e os nossos costumes; a esforçar-nos por adquirir e defender a boa doutrina, por melhorar a própria conduta; a procurar viver de oração, de sacrifício e de trabalho, e – se for possível – sorrindo; porque eu entendo, meus filhos, que às vezes não é fácil sorrir.

Padre – dir-me-eis –, devemos lutar para dar exemplo? Sim, meus filhos, mas sem procurar aplausos na Terra. Não vacileis se encontrardes zombarias, calúnias, ódios, desprezos. Temos de batalhar – fala de novo a liturgia do dia – «no meio de honras e desonras, da infâmia e da boa fama; tidos por impostores, sendo verazes; por desconhecidos, quando todos nos conhecem; por moribundos, tendo boa saúde; por condenados, sem sentir humilhação; por tristes, estando sempre alegres; por indigentes, enquanto enriquecemos a muitos; como se nada possuíssemos, nós que tudo possuímos»9.

Não espereis parabéns, nem palavras de alento, na vossa peleja cristã. Devemos ter a consciência bem clara. Sabemos que a nossa luta interior é necessária para servir a Deus, a Igreja e as almas? Estamos convencidos de que o Senhor quer servir-Se – nestes momentos de tremenda deslealdade – do nosso pequeno esforço por ser fiéis, para encher de fé, de esperança e de amor milhares de almas? Vamos, então, lutar, filhas e filhos meus, de olhos postos em Deus e sempre contentes, sem pensar em louvores humanos.

Senhor, embora cultivemos o trato contigo, atraiçoamos-Te; mas voltamos para Ti. Sem esse trato, que seria de nós? Como poderíamos procurar ter intimidade contigo? Como seríamos capazes de nos sacrificar contigo na cruz, pregando-nos por amor a Ti, para servir as criaturas?

«Meu Deus, abandonar-Te é avançar para a morte; seguir-Te é amar; ver-Te é possuir-Te. Dá-me, Senhor, uma fé sólida, uma esperança abundante, uma contínua caridade. Invoco-te, meu Deus, por quem vencemos o inimigo, meu Deus, por cujo favor não perecemos totalmente. ó Deus, Tu mandas-nos estar vigilantes; com a tua graça evitamos o mal e fazemos o bem. ó Deus, Tu nos fortificas para que não sucumbamos perante as adversidades, Tu, a quem se deve a nossa obediência e bom governo»10.

Criados para a eternidade

Contudo, filhas e filhos meus, dói-nos muito ver que se promovem, dentro da própria Igreja, campanhas tremendas contra a justiça, que contribuem necessariamente para a falta de paz na sociedade, porque não há paz nas consciências. Enganam-se as almas: fala-se-lhes de uma libertação que não é a de Cristo; ignoram-se os ensinamentos de Jesus, o seu Sermão da Montanha, essas bem-aventuranças que são um poema do amor divino; busca-se uma felicidade apenas terrena, que não é possível alcançar neste mundo.

Meus filhos, a alma foi criada para a eternidade. Aqui, estamos apenas de passagem. Não alimenteis ilusões: a dor será uma companheira inseparável da viagem. Quem se empenha exclusivamente em não sofrer, fracassará; e talvez não obtenha outro resultado senão tornar mais aguda a amargura própria e a alheia. Ninguém gosta de que os outros sofram, e é um dever de caridade esforçar-se o mais possível por aliviar os males do próximo.

O cristão, porém, tem de ter o atrevimento de afirmar que a dor é uma fonte de bênçãos, de bem, de fortaleza; que é uma prova do amor de Deus; que é um fogo que nos purifica e prepara para a felicidade eterna. Não foi esse o sinal que o anjo nos indicou para encontrarmos Jesus? «Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura»3.

Quando se aceita o sofrimento como o Senhor o aceitou em Belém e na cruz, e se compreende que é uma manifestação da bondade de Deus, da sua vontade salvífica e soberana, então ele nem sequer é uma cruz; quando muito, é a cruz de Cristo, que não é pesada, porque é Ele próprio que a carrega. «Quem não toma a sua cruz para Me seguir não é digno de Mim»4. Hoje, porém, essas palavras foram esquecidas, e há «muitos neste mundo, como vos disse muitas vezes – e repito-o agora com lágrimas –, que procedem como inimigos da cruz de Cristo»5, organizando campanhas horrendas contra a sua pessoa, a sua doutrina e os seus sacramentos. Há muitos que desejam mudar a razão de ser da Igreja, reduzindo-a a uma instituição de fins temporais, antropocêntrica, com o homem como soberbo pináculo de todas as coisas.

O Natal recorda-nos que o Senhor é o princípio, o fim e o centro da criação: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus»6. É Cristo, minhas filhas e meus filhos, que atrai a Si todas as criaturas: «Por Ele foram criadas todas as coisas, e sem Ele não foi feita coisa alguma de todas quantas foram feitas»7. E, ao encarnar, vindo viver entre nós8, demonstrou-nos que não estamos nesta vida para procurar uma felicidade temporal e passageira, mas para alcançar a bem-aventurança eterna, seguindo os seus passos. E só chegaremos lá aprendendo dele.

A Igreja foi sempre teocêntrica. A sua missão é conseguir que todas as coisas criadas tendam para Deus como fim, por meio de Jesus Cristo, «cabeça do corpo da Igreja [...], para que em tudo tenha Ele a primazia; pois aprouve ao Pai fazer habitar nele a plenitude de todos os seres, e por Ele reconciliar todas as coisas consigo, restabelecendo a paz entre o Céu e a Terra por meio do sangue que Ele derramou na cruz»9. Entronizemo-lo, pois, não só no nosso coração e nas nossas ações, mas também – com o desejo e com o trabalho apostólico – no cume de todas as atividades dos homens.

Como uma criança que balbucia

Passados cinquenta anos, estou como uma criança que balbucia; estou a começar e a recomeçar todos os dias. E será assim até ao fim dos dias que me restem: sempre a recomeçar. O Senhor quer que assim seja, para que não haja motivos de soberba, nem de néscia vaidade, em nenhum de nós. Temos de estar pendentes dele, dos seus lábios, com o ouvido atento, com a vontade tensa, disposta a seguir as inspirações divinas.

Um olhar para trás... Um panorama imenso: tantas dores, tantas alegrias. E agora, tudo são alegrias, tudo alegrias... Porque temos a experiência de que a dor é o martelar do Artista, que quer fazer de cada um de nós, desta massa informe que somos, um crucifixo, um Cristo, o alter Christus que temos de ser.

Senhor, obrigado por tudo. Muito obrigado! Já Te agradeci, e agradeço-Te habitualmente. Antes de repetir esse grito litúrgico – Gratias tibi, Deus, gratias tibi!2 –, vinha a dizer-To com o coração. E agora são muitas as bocas, muitos os peitos que Te repetem o mesmo em uníssono: Gratias tibi, Deus, gratias tibi! Pois só temos motivos para dar graças. Não devemos afligir-nos com nada; não devemos preocupar-nos com nada; não devemos perder a serenidade por nenhuma coisa do mundo. Tenho-o dito, nestes dias, aos que chegam de Portugal3ii: serenos, serenos! E eles estão serenos. Dá serenidade aos meus filhos; que não a percam, nem sequer quando cometerem um erro de peso. Se perceberem que o cometeram, isso já é uma graça, uma luz do Céu.

Gratias tibi, Deus, gratias tibi! A vida de cada um de nós tem de ser um cântico de ação de graças, porque… como se fez o Opus Dei? Foste Tu que o fizeste, Senhor, com quatro gatos pingados... «Stulta mundi, infirma mundi, et ea quæ non sunt»4. Toda a doutrina de São Paulo se cumpriu: procuraste meios completamente ilógicos, nada aptos, e estendeste o trabalho pelo mundo inteiro. E dão- -Te graças em toda a Europa, e em pontos da Ásia e de África, em toda a América e na Oceânia. Em toda a parte Te dão graças.

Notas
1

Sl 17, 2.

2

Sl 42, 2.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
11

Sl 84, 2.

12

Cant 3, 2.

13

Ibid.

14

Sl 90, 15.

15

Cant 5, 8.

16

Cf. Gal 2, 20.

17

Sl 41, 2.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
8

Cf. Lc 12, 32: «pequeno rebanho».

Referências da Sagrada Escritura
Notas
7

Is 43, 1.

8

1Sam 3, 9.

9

Missal Romano, I Domingo da Quaresma, leitura (2Cor 6, 8-10).

10

Santo Agostinho, Soliloquia, 1, 1-3.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
3

Lc 2, 12.

4

Mt 10, 38.

5

Fil 3, 18.

6

Jo 1, 1.

7

Jo 1, 3.

8

Cf. Jo 1, 14.

9

Col 1, 18-20.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
2

Obrigado, meu Deus, obrigado!

3

ii Desde o golpe militar de 25 de abril de 1974, Portugal atravessava uma situação turbulenta, que, em 1976, evoluiu para um regime democrático (N. do E.).

4

1Cor 1, 28: «[Deus escolheu] o que é vil e desprezível do mundo, o que não é nada».

Referências da Sagrada Escritura