26
Com a proteção dos santos anjos
Terá a data de hoje um aviso estabelecendo que, no gabinete de cada diretor local, haja uma representação do anjo da guarda com estas palavras da Escritura: «Deus meus misit angelum suum»3. É um costume que tem por fim meter no coração de todos os que governam, e no coração de todos os meus filhos, uma devoção prática, real e constante ao anjo da guarda da Obra, ao de cada centro e ao de cada um.
«Deus meus misit angelum suum». Sinto a necessidade de vo-lo explicar. Durante anos, experimentei a ajuda constante, imediata, do meu anjo da guarda, até em detalhes materiais pequeníssimos. A intimidade com os santos anjos e a devoção por eles está no núcleo do nosso labor, é uma manifestação concreta da missão sobrenatural da Obra de Deus. Gratias tibi, Deus; gratias tibi, Sancta Maria Mater nostra!4. E graças aos anjos da guarda: Defendite nos in prœlio, Sancti Angeli Custodes nostri!5.
Padre, a Obra começou realmente no dia 2 de outubro de 1928? Sim, meu filho, começou no dia 2 de outubro de 1928. A partir desse momento, já não tive descanso, e comecei a trabalhar, de má vontade, porque resistia a fundar fosse o que fosse; mas comecei a trabalhar, a mexer-me, a fazer: a lançar os alicerces.
Pus-me a trabalhar, e não era fácil; as almas escapavam-se-me como as enguias escapam na água. Além disso, a incompreensão era brutal; porque o que hoje já é doutrina corrente no mundo, na altura não era. E, se alguém afirmar o contrário, desconhece a verdade.
Eu tinha vinte e seis anos – repito –, a graça de Deus e bom humor; mais nada. Mas, assim como nós, os homens, escrevemos com uma caneta, o Senhor escreve com a perna de uma mesa, para se ver que é Ele que escreve; isso é que é incrível, isso é que é maravilhoso. Era preciso criar toda a doutrina teológica e ascética, e toda a doutrina jurídica. Vi-me perante uma solução de continuidade de séculos: não havia nada. Aos olhos humanos, a Obra era, toda ela, um enorme disparate. Por isso, havia quem dissesse que eu estava louco, e que era um herege, e muitas outras coisas.
O Senhor dispôs os acontecimentos de maneira que eu não contasse nem com um centavo, a fim de que também assim se visse que era Ele. Pensai no sofrimento que causei aos que viviam ao meu redor! É justo que dedique aqui uma lembrança aos meus pais. Com que alegria, com que amor enfrentaram tantas humilhações! Eu tinha de ser triturado, como se mói o trigo para preparar a farinha e poder fazer o pão; por isso, o Senhor atingia-me naquilo que eu mais amava... Obrigado, Senhor! Porque esta fornada de pão maravilhoso já está a difundir «o bom odor de Cristo»6 em todo o mundo; obrigado por estes milhares de almas que glorificam a Deus em toda a Terra. Porque são todos teus.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/en-dialogo-con-el-se%C3%B1or/26/ (17/11/2025)