83
Lutar até ao último instante
Lutai, meus filhos, lutai. Não façais como esses que dizem que a confirmação não nos torna milites Christi11. Talvez seja porque não querem combater e, por isso, são o que são: uns derrotados, uns vencidos, homens sem fé, almas caídas, como Satanás. Não seguiram o conselho do apóstolo: «Suporta o trabalho e a fadiga como bom soldado de Jesus Cristo»12.
Como soldados de Cristo, temos de travar as batalhas de Deus, in hoc pulcherrimo caritatis bello!13. Não temos outro remédio senão travar com empenho esta belíssima guerra de amor, se queremos realmente alcançar a paz interior e a serenidade de Deus para a Igreja e para as almas.
Quero recordar-vos que «a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os príncipes e potestades, contra os dominadores das trevas deste mundo, contra os espíritos malignos [...]. Portanto, tomai as armas de Deus, para poderdes resistir no dia mau e vos manterdes firmes em tudo»14.
Na Terra, nunca podemos ter a tranquilidade dos comodistas, que se desleixam porque pensam que o porvir é seguro. O porvir de todos nós é incerto, no sentido em que podemos ser traidores a Nosso Senhor, à vocação e à fé. Temos de fazer o propósito de lutar sempre. No último dia do ano que passou, escrevi numa ficha: «Este é o nosso destino na Terra: lutar, por amor até ao último instante. Deo gratias!».
Eu procurarei batalhar até ao derradeiro momento da minha vida; e vós, a mesma coisa. Peleja interior, mas também por fora, opondo-me de todos os modos possíveis à destruição da Igreja, à perdição das almas: «Na guerra e no campo de batalha, o soldado que apenas pretender salvar-se mediante a fuga, perde-se a si mesmo e perde os outros. Pelo contrário, o valente, que luta por salvar os outros, também se salva a si próprio. Já que a nossa religião é uma guerra, e a mais dura de todas as guerras, que é investida e batalha, formemos uma linha de combate como o nosso rei nos ordenou, sempre dispostos a derramar o nosso sangue, propondo-nos a salvação de todos, alentando os que estão firmes e levantando os que estão caídos. É certo que muitos dos nossos amigos jazem no chão, cobertos de feridas e jorrando sangue, e não há ninguém que cuide deles, ninguém, nem do povo, nem dos sacerdotes, nem de nenhum outro grupo: não têm protetor, nem amigo, nem irmão»15.
Se algum dos meus filhos se desleixa e deixa de guerrear, ou se vira as costas, saiba que nos atraiçoa a todos: atraiçoa Jesus Cristo, a Igreja, os seus irmãos na Obra e todas as almas. Nenhum de nós é uma peça isolada; somos membros de um mesmo corpo místico, que é a Igreja Santa16, e – por compromisso de amor – membros da Obra de Deus. Por isso, se algum deixasse de combater, causaria um grave dano aos seus irmãos, à sua santidade e ao seu trabalho apostólico, e seria um obstáculo para superar estes momentos de prova.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/en-dialogo-con-el-se%C3%B1or/83/ (17/11/2025)