Viver para a glória de Deus

e novembro de 1954)

Introdução

«Emitte lucem tuam et veritatem tuam»1: envia, Senhor, a tua luz e a tua verdade.

Meus filhos, a nossa vocação é seguir a Cristo: «Venite post me et faciam vos fieri piscatores hominum»2. E segui- -lo tão de perto que vivamos com Ele, como os primeiros Doze; tão de perto que nos identifiquemos com Ele, que vivamos a sua vida, até chegar o momento em que, se não tivermos posto obstáculos, possamos dizer com São Paulo: «Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»3.

Que alegria tão grande é sentirmo-nos metidos em Deus! Endeusados! E, ao mesmo tempo, que felicidade é também notarmos toda a pequenez, toda a miséria, toda a debilidade da nossa pobre natureza terrena, com as suas fraquezas e os seus defeitos! Por isso, quando Cristo nos fala por meio de parábolas, como aos primeiros, muitas vezes não O entendemos, e temos de fazer nossa a súplica dos apóstolos: «Edissere nobis parabolam!»4: Senhor, explica-nos a parábola!

Com Cristo, na barca de Pedro

Quando fazes oração, meu filho – não me refiro agora a essa oração contínua, que abarca o dia inteiro, mas aos dois tempos que dedicamos exclusivamente a conversar com Deus, bem desligados de todas as coisas externas –, quando começas essa meditação, frequentemente – dependerá de muitas circunstâncias – representas a cena ou o mistério que desejas contemplar; depois, aplicas o entendimento e procuras estabelecer um diálogo cheio de afetos de amor e de dor, de ações de graças e de desejos de melhora. Por esse caminho, deverás chegar a uma oração de quietude, na qual é o Senhor quem fala, e tu escutas o que Deus te diz. Como se notam então as moções interiores e as reconvenções, que enchem a alma de ardor!

Para facilitar a oração, convém materializar o que é mais espiritual, recorrer a parábolas: é um ensinamento divino. A doutrina deve chegar à nossa inteligência e ao nosso coração pelos sentidos; e já não estranharás que eu goste tanto de vos falar de barcas e de mares.

Meus filhos, nós subimos para a barca de Pedro com Cristo, para esta barca da Igreja, que tem uma aparência frágil e desconjuntada, mas que nenhuma tormenta pode fazer naufragar. E, na barca de Pedro, tu e eu temos de pensar devagar, devagar: Senhor, para que subi eu para esta barca?

Esta pergunta tem um conteúdo particular para ti desde que subiste à barca, a esta barca do Opus Dei, porque te deu na gana, que me parece a mais sobrenatural das razões. Amo-Te, Senhor, porque me dá na gana amar-Te; podia ter entregado este pobre coração a uma criatura... e não! Ponho-o inteiro, jovem, vibrante, nobre, limpo, aos teus pés... porque me dá na gana!

Com o coração, também deste a Jesus a tua liberdade, e os teus fins pessoais tornaram-se muito secundários. Podes circular com liberdade dentro da barca, com a liberdade dos filhos de Deus5 que estão na verdade6, cumprindo a vontade divina7. Mas não podes esquecer que tens de permanecer sempre dentro dos limites da barca. E isto porque te deu na gana. Repito o que vos dizia ontem ou anteontem: se saíres da barca, cairás entre as ondas do mar, irás para a morte, perecerás afogado no oceano, e deixarás de estar com Cristo, perdendo esta companhia que aceitaste voluntariamente, quando Ele ta ofereceu8ii.

Pensa, meu filho, como é grato a Deus nosso Senhor o incenso que se queima em sua honra. Pensa o pouco que valem as coisas da Terra, que mal começam e logo acabam. Pensa que nós, os homens, somos nada: «Pulvis es, et in pulverem reverteris»9, voltaremos a ser como o pó do caminho. Mas o extraordinário é que, apesar disso, não vivemos para a Terra, nem para a nossa honra, mas para a honra de Deus, para a glória de Deus, para o serviço de Deus. É isso que nos impele!

Portanto, se a tua soberba te sussurra: com os teus talentos extraordinários, aqui passas despercebido..., aqui não vais dar todo o fruto que poderias..., vais ser um frustrado, vais esgotar-te inutilmente..., tu, que subiste para a barca da Obra porque te deu na gana, porque Deus te chamou inequivocamente – «ninguém pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou não o atrair»10 –, deves corresponder a essa graça queimando-te, fazendo com que o nosso sacrifício feito com gosto, a nossa entrega, seja uma oferenda, um holocausto!

Meu filho, já te persuadiste, com esta parábola, de que, se queres ter vida, e vida eterna, e honra eterna, se queres a felicidade eterna, não podes sair da barca, e tens de prescindir, em muitos casos, dos teus fins pessoais. Eu não tenho outro fim senão o corporativo: a obediência.

Que bonito é obedecer! Mas continuemos com a parábola. Já estamos nesta barca velha, que navega há vinte séculos sem se afundar; nesta barca da entrega, da dedicação ao serviço de Deus; e, nesta barca pobre e humilde, tu lembras-te de que tens um avião, que sabes pilotar na perfeição, e pensas: eu posso chegar muito longe! Pois vai-te embora, vai para um porta-aviões, porque aqui não precisamos do teu avião! Tende isto muito claro: a nossa perseverança é fruto da nossa liberdade, da nossa entrega, do nosso amor, e exige uma dedicação completa. Dentro da barca, não podemos fazer o que nos apetece. Se toda a carga que vai nos porões se amontoasse num mesmo ponto, a barca afundava-se; se todos os marinheiros abandonassem a sua tarefa concreta, a pobre barquinha perdia-se. A obediência é necessária, e as pessoas e as coisas devem estar onde foi decidido que estivessem.

Meu filho, convence-te duma vez para sempre, convence-te de que sair da barca é a morte. E de que, para estar na barca, é necessário render o juízo. É necessário um profundo trabalho de humildade: entregar-se, queimar-se, fazer-se holocausto.

Para servir com eficácia

Prossigamos. Os fins que nos propomos alcançar corporativamente são a santidade e o apostolado. E, para alcançarmos estes fins, precisamos acima de tudo de formação. Para a nossa santidade, doutrina; e para o apostolado, doutrina. E, para a doutrina, tempo, em lugar oportuno, com os meios oportunos. Não esperemos receber iluminações extraordinárias de Deus, que não tem nada que no-las conceder quando nos proporciona meios humanos concretos: o estudo e o trabalho. Tendes de vos formar, tendes de estudar. Desta maneira, preparais-vos para a vossa santidade atual e futura, e para o apostolado, de olhos postos nos homens.

Já vistes como preparam a levedura, como a preservam a determinada temperatura, para depois a meter na massa? Conto convosco como com um motor potente, para pôr em movimento o trabalho em todo o mundo. Nenhum de vós é ineficaz; todos estais cheios de eficácia pelo simples facto de cumprides as normas, de estudardes, trabalhardes e obedecerdes.

Não entendo quase nada dessas coisas do material atómico, e o que sei, conheço-o pelos jornais. Mas vi fotografias, e sei que o enterram, se for preciso, a muitos metros de profundidade, que o tapam com grandes placas de chumbo e o guardam dentro de grossas paredes de cimento; e, no entanto, ele atua, levam-no dum lado para o outro, aplicam-no a pessoas para curar tumores, empregam-no noutras coisas, e ele atua de mil modos maravilhosos, com uma eficácia extraordinária. Assim sois vós, meus filhos, quando estais dedicados ao trabalho interno, ou nos centros de formação da Obra. Sois mais eficazes, porque tendes a eficácia de Deus quando vos endeusais pela vossa entrega, como Cristo, que Se aniquilou a Si mesmo11. E nós aniquilamo-nos, aparentemente perdemos a nossa liberdade, mas tornamo-nos libérrimos, com a liberdade dos filhos de Deus12.

Formação, portanto, para dar doutrina e para a vossa santidade pessoal. Formação com o tempo necessário, no lugar oportuno, com os meios oportunos; mas de olhos postos no universo inteiro, na humanidade inteira, pensando em todas as almas. E, quando os vossos irmãos estiverem a abrir caminhos em novos países, não se sentirão sozinhos, porque daqui, de dentro destas paredes que parecem de pedra e são de amor, vós estareis a enviar-lhes toda a eficácia da vossa santidade e da vossa entrega, fazendo com que esses vossos irmãos se sintam muito acompanhados. E depois, chegará o momento de vos dizer: «Ite, docete omnes gentes»13: ide e ensinai todos os povos. Apostolado da doutrina – em primeiro lugar com o vosso exemplo –, no meio do trabalho profissional. Com que alegria vos direi umas palavrinhas quando vos fordes embora!

Filhos da minha alma, sabeis que o Padre ama muito a liberdade. Não gosto de coagir, nem de que as almas sejam coagidas. Nenhum homem deve tirar aos outros a liberdade, que Deus nos concedeu como um dom. E, se é assim, não serei certamente eu a coagir-vos. Pelo contrário! Eu sou o defensor da liberdade de cada um de vós dentro da barca..., dentro da barca e sem avião.

Mas está a passar o tempo, e ainda gostaria de vos falar de outras coisas.

O sal do sacerdócio

O nosso Opus Dei é eminentemente laical, mas os sacerdotes são necessários. Até há pouco tempo, amando como amo o sacerdócio, cada vez que um dos vossos irmãos se ordenava, eu sofria14iii. Agora, pelo contrário, dá- -me muita alegria. Mas há de ser sem coação, com uma liberdade absoluta. Não desagrada a Deus que um filho meu não queira ser sacerdote. Além disso, são necessários muitos leigos, santos e doutos. Portanto, os que são chamados ao sacerdócio gozam de uma liberdade comple- ta até ao próprio dia, até ao próprio momento da ordenação. – Padre, não. Muito bem, meu filho. Deus te abençoe. Não me dá nenhum desgosto.

No entanto, precisamos de muitos sacerdotes, que sirvam como escravos, alegremente, as suas irmãs e os seus irmãos, e essas vocações encantadoras que são os sacerdotes diocesanos. São necessários para o trabalho de São Rafael e para o trabalho de São Gabriel, para atender no terreno sacramental todos os membros da Obra, para ajudar esses grandes exércitos de cooperadores, que, se forem formados como deve ser, serão muito mais eficazes – já estão a ser – do que todas as associações piedosas conhecidas. Sem sacerdotes, porém, não é possível.

A Obra tem-se estendido pelo mundo de maneira prodigiosa. Senhor, sinto-me confundido! Não é fácil, não se recorda um único caso em que alguém tenha começado a trabalhar numa obra tua e tenha visto, aqui na Terra, as maravilhas que eu vejo, em extensão, em número, em qualidade.

Precisamos de sacerdotes para o proselitismo15iv. Porque, embora o grande trabalho seja feito pelos leigos, a certa altura deparamos com o muro sacramental e, se tivéssemos de recorrer a clérigos que não têm o nosso espírito – uns porque não saberiam, outros porque não quereriam –, todo o trabalho ficaria dificultado.

Também precisamos de sacerdotes para o governo da Obra. Poucos, porque os cargos locais estão nas mãos dos meus filhos leigos, bem como dois terços dos cargos do Conselho Geral e das comissões regionais; o restante serão sacerdotes que tenham trabalhado muito, que conheçam o modus faciendi do nosso apostolado em todo o mundo. Chegará um momento em que os vossos irmãos que foram começar o trabalho em muitos países voltarão à base, e formar-se-ão grupos diretivos, que, com a sua santidade pessoal e com a sua experiência, deterão com muito brio as rédeas do governo.

Precisamos de sacerdotes como instrumentos de unidade. Portanto, o sacerdote deve ter especial cuidado para não formar igrejinhas. Tem de estar desapegado das almas! Eu não tive quem mo ensinasse – não tive um Padre como vós tendes –, era o Senhor que me indicava que evitasse sempre tornar as coisas pessoais, mesmo antes de saber o que Deus queria de mim. Por vezes, aconselhava as pessoas que vinham ao meu confessionário: vai a outro sacerdote, hoje não te confesso. Fazia-o para arejarem, para não se apegarem, para que não recorressem ao sacramento por afeto à criatura, mas por motivos divinos, sobrenaturais, por amor a Deus.

Contemplativos e serenos

Filho, nunca penses em ti. Foge da soberba de imaginar que és aquilo a que na minha terra se chama el palico de la gaita16*. Quando não te lembrares de ti, estarás a fazer um bom trabalho. Não podemos julgar-nos o centro, pensando que tudo tem de girar à nossa volta. E o pior é que, se caíres nesse defeito, quando te disserem que és soberbo, não acreditarás; porque, enquanto o humilde se julga soberbo, o soberbo julga-se humilde.

Olho para vós, meus filhos... Que alegria quando chegar o momento de ensinares aos teus irmãos que os filhos de Deus no seu Opus Dei devem ser contemplativos, almas contemplativas no meio do mundo! Tendes de manter uma contínua vida de oração, de manhã até à noite e da noite até de manhã. Da noite até de manhã, Padre? Sim, filho, também enquanto dormes.

Tu admiras, tal como eu, a vida silenciosa desses homens que se encerram num velho convento, ocultos nas suas celas; é uma vida de trabalho e de oração. Quando, uma vez por outra, faço uma visita aos cartuxos, saio de lá edificado e com muita estima por eles. Compreendo a sua vocação, o seu afastamento do mundo, e alegro-me por eles, mas... enquanto estou lá dentro, sinto uma grande tristeza. Logo que volto para a rua, digo a mim mesmo: a minha cela, esta é a minha cela! A nossa vida é tão contemplativa quanto a deles. Deus dá-nos os meios para que a nossa cela – o nosso retiro – esteja no meio das coisas do mundo, no interior do nosso coração. E passamos o dia – se tivermos adquirido a nossa formação específica – num contínuo diálogo com Deus.

Cristo, Maria, a Igreja: três amores para preencher uma vida. Maria, tua Mãe – ia sair-te mamã; não te importes, di-lo também –, com São José e com o teu anjo da guarda.

Ensinarás os teus irmãos a serem contemplativos e serenos. Ainda que o mundo se afunde, ainda que tu- do se perca, ainda que tudo se parta..., nós não. Se formos fiéis, teremos a fortaleza da pessoa que é humilde, porque vive identificado com Cristo. Meus filhos, nós somos o permanente; o resto é transitório. Não acontece nada!

Padre, e se me derem dois tiros? Santa coisa! Não é o nosso caminho, mas aceitaríamos a graça do martírio como um mimo de Deus, não para nós, mas para a nossa família do Opus Dei, a fim de que nem sequer nisso sejamos vencidos pela soberba. Não nos faltará esse mimo..., mas poucas vezes, porque não é o nosso caminho.

Na vida ordinária

Serenos! Procuremos que não nos falte sentido de responsabilidade, conscientes de que somos elos de uma mesma corrente. Portanto – temos de o dizer de verdade, cada um dos filhos de Deus na sua Obra –, quero que este elo que sou eu não se quebre; porque, se quebrar, atraiçoo a Deus, a Santa Igreja e os meus irmãos.

E alegrar-nos-emos com a fortaleza dos outros elos; alegrar-me-á que haja elos de ouro, de prata, de platina, engastados em pedras preciosas. E, quando parecer que me vou partir, porque fui afetado pelas paixões; quando parecer que um elo se está a partir..., tranquilos! Ajudamo-lo, para que prossiga com mais amor, com mais dor, com mais humildade.

Dirás aos teus irmãos que devem ser contemplativos e serenos, com sentido de responsabilidade na vida quotidiana, porque o nosso heroísmo exerce-se no que é pequeno. Nós procuramos a santidade no trabalho ordinário, quotidiano.

Dir-lhes-ás também que devem viver a caridade, que é carinho. «Deus caritas est»17: o Senhor é amor. Carinho pelos vossos irmãos, carinho especialíssimo pelos vossos diretores, ajudando-os, também com a correção fraterna. Tendes todos os meios para dizer a verdade, sem ferir, de modo que seja sobrenaturalmente útil. Pergunta-se: posso fazer esta correção fraterna? Podem responder-te que não convém, porque não se trata de uma coisa objetiva, ou porque já houve outro que a fez, ou porque não há motivo suficiente, ou por outras razões. Se te responderem que sim, fazes a correção fraterna imediatamente, cara a cara, porque a murmuração não tem lugar na Obra, não pode ter, nem sequer a indireta; a murmuração indireta é própria de pessoas que têm medo de dizer a verdade.

Há um refrão que adverte: «Quem diz as verdades perde as amizades». No Opus Dei, é ao contrário: aqui, diz-se a verdade, por motivos de carinho, a sós, na cara; e todos nos sentimos felizes e seguros, com as costas bem guardadas. Nunca tolereis a menor murmuração, e muito menos se for contra um diretor.

Caridade, meus filhos, com todas as almas. O Opus Dei não é contra ninguém, não é anti nada. Não podemos andar de braço dado com o erro, porque isso poderia dar ocasião a que se apoiassem em nós para o difundirem. Mas temos de procurar que, por meio da amizade, as pessoas que estão erradas abandonem o erro; temos de as tratar com carinho, com alegria.

«Iterum dico, gaudete!»18. Estai sempre alegres, meus filhos. Enchi estes edifícios com palavras da Escritura em que se recomenda a alegria. «Servite Domino in lætitia»19: servi o Senhor com alegria. Parece-vos que, na vida, se agradece um serviço prestado de má vontade? Não. Seria melhor que não se prestasse. E nós havemos de servir o Senhor de má cara? Não. Vamos servi-lo com alegria, apesar das nossas misérias, que havemos de arrancar com a graça de Deus.

Sede obedientes. Para obedecer, é preciso ouvir o que nos dizem. Se soubésseis a pena que dá mandar em almas boas que não sabem obedecer...! Poderá ser uma pessoa encantadora, muito santa, mas chega o momento de obedecer, e não! Porquê? Porque há pessoas que têm o defeito, quase físico, de não ouvir; têm tão boa vontade que, enquanto ouvem, já estão a pensar no modo de fazer aquilo de outra maneira, de desobedecer. Não, meus filhos; apresentam-se alternativas, se existirem, dizem-se as coisas com clareza, e depois obedece-se, dispostos a adotar a solução oposta ao nosso parecer.

Obedientes e objetivos. Como podereis informar, vós – que não sois soldados rasos, mas capitães do exército de Cristo, e que, portanto, tendes de informar objetivamente os vossos diretores sobre o que se passa no vosso setor –, se não fordes objetivos? Sabeis o que acontece a um general que recebe trinta, cinquenta, cem informações falsas? Perde a batalha. Cristo não perde batalhas, mas a eficácia do nosso apostolado fica entorpecida, e o trabalho não rende tudo o que poderia render.

Meus filhos, já vamos em quase quarenta minutos de meditação. Não gosto de saltar o parapeito – já que falamos em termos militares – dos trinta; o dos quarenta, nunca. Vistes muitas coisas que tendes de aprender e praticar, para as ensinardes aos vossos irmãos. Enchei-vos de desejos de vos formardes. E, se não tendes desejos, aconselho-vos a ter desejos de ter desejos, que já é alguma coisa... Desejos de entrega, de formação, de santidade, de ser muito eficazes; agora, mais adiante e sempre.

Notas
1

Sl 42, 3.

2

Mt 4, 19: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens».

3

Gal 2, 20.

4

Mt 12, 36.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
5

Cf. Rom 8, 21.

6

Cf. Jo 8, 32.

7

Cf. Mt 7, 21.

8

ii Neste parágrafo e nos seguintes, São Josemaria serve-se da imagem da barca para se referir, na realidade, a duas barcas: a da Igreja e a da Obra. Abandonar a Igreja significa pôr em grave perigo a própria salvação, ao passo que deixar a Obra não tem esse efeito, a não ser que implique sair da barca da Igreja, ou desprezar conscientemente a vontade de Deus, conhecida como tal. Em ambos os casos, a pessoa está sempre a tempo de voltar a estar com Cristo, como diz mais adiante (N. do E.).

9

Missal Romano, Quarta-Feira de Cinzas, antífona: «Lembra-te de que és pó e ao pó hás de voltar».

10

Jo 6, 44.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
11

Cf. Fil 2, 7.

12

Cf. Rom 8, 21.

13

Mt 28, 19.

Referências da Sagrada Escritura
Notas
14

iii Num primeiro momento, São Josemaria sofria pelo facto de essas pessoas abandonarem o estado laical ao qual tinham sido chamadas por Deus para se santificarem no Opus Dei. Mas esse sofrimento era compensado pelo grande dom que cada novo sacerdote é para a Igreja, pois o sacerdócio é outro chamamento divino, ainda mais excelso (N. do E.).

15

iv Este termo, que foi utilizado durante muitos anos como sinónimo de cristianização, de evangelização ou de missionação, tem em São Josemaria um significado preciso, inspirado no Evangelho e na Tradição da Igreja: contagiar e provocar noutras pessoas, com um delicado respeito pela liberdade, o desejo de se entregarem pessoalmente ao serviço de Jesus Cristo (N. do E.).

Notas
16

* Um dos tubos da gaita de foles, que se destaca acima da cabeça do gaiteiro; expressão que se aplica às pessoas que se julgam o centro do mundo (N. do T.).

Notas
17

1Jo 4, 8.

18

Fil 4, 4: «De novo vos digo, alegrai-vos!!»

19

Sl 16, 2.

Referências da Sagrada Escritura
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