Segunda estação. Jesus toma a sua Cruz
Fora da cidade, a Noroeste de Jerusalém, há um pequeno cerro: em arameu, chama-se Gólgota; em latim, locus Calvariae - lugardas Caveiras ou Calvário.
Jesus entrega-se, inerme, à execução da sentença. Não se Lhe vai poupar nada e cai sobre os Seus ombros o peso da cruz infamante. Mas a Cruz será, por obra de amor, o trono da Sua realeza.
A gente de Jerusalém e os forasteiros, vindos para a Páscoa, atropelam-se pelas ruas da cidade, para ver passar Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus. Há um tumulto de vozes, intervalado por curtos silêncios; talvez, quando Cristo fixa o olhar em alguém:
- Se alguém quer vir após Mim,… tome a sua cruz e siga-Me (Lc IX, 23).
Com que amor se abraça Jesus ao lenho que Lhe há-de dar a morte!
Não é verdade que, quando deixas de ter medo da Cruz, disso a que as pessoas chamam cruz, quando pões a tua vontade na aceitação da Vontade divina, és feliz e desaparecem todas as preocupações, os sofrimentos físicos ou morais?
É verdadeiramente suave e amável a Cruz de Jesus. Aí não contam as penas; fica só a alegria de nos sabermos co-redentores com Ele.
PONTOS DE MEDITAÇÃO
1. A comitiva prepara-se… Jesus, escarnecido, é alvo da troça de quantos O rodeiam. Ele, que passou pelo mundo fazendo o bem e sarando a todos das suas doenças (cfr. Act X, 38)!
A Ele, ao Mestre bom, a Jesus que veio ao encontro dos que estávamos afastados, vão-nO levar ao patíbulo.
2. Preparam um cortejo, uma longa procissão, como se se tratasse de uma festa. Os juízes querem saborear a sua vitória, com um suplício lento e desapiedado.
Jesus não encontrará a morte num abrir e fechar de olhos… É-Lhe dado tempo para que a dor e o amor continuem a identificar-se com a Vontade amabilíssima do Pai. Ut, facerem voluntatem tuam, Deus meus, volui, et legem tuam in medio cordis mei (SI XXXIX, 9): ponho todo o meu empenho em cumprir a Tua Vontade, meu Deus, e dentro do meu coração está a Tua lei.
3. Quanto mais de Cristo fores, maior graça terás para a tua eficácia na terra e para a felicidade eterna.
Mas tens de decidir-te a seguir o caminho da entrega: a Cruz às costas, com um sorriso nos lábios, com uma luz na alma.
4. Ouves dentro de ti: "Como pesa esse jugo que livremente tomaste!"… É a voz do diabo; o fardo… da tua soberba.
Pede humildade ao Senhor, e também tu entenderás aquelas palavras de Jesus: iugum enim meum suave est, et onus meum leve (Mt XI, 30), que me agrada traduzir, livremente, assim: o meu jugo é a liberdade, o meu jugo é o amor, o meu jugo é a unidade, o meu jugo é a vida, o meu jugo é a eficácia.
5. Há no ambiente uma espécie de medo da cruz, da Cruz do Senhor. Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem aceitá-las com sentido de filhos de Deus, com visão sobrenatural.
Até tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do Redentor: in quo est salus, vita et ressurrectio nostra, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa ressurreição.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/via-crucis/2/ (06/12/2023)