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O proselitismo é a melhor manifestação de caridade para com as almas. Sempre vos disse que cada um – depois de recomendar as coisas ao Senhor – deve procurar pelo menos duas vocações cada ano, seguindo aquele mandato divino: compelle intrare9, o que é um convite, uma ajuda para se decidir, e nunca – nem de longe – uma coação.
Uma vez que é característica capital do nosso espírito o respeito pela liberdade pessoal de todos, o compelle intrare que haveis de praticar no proselitismo não é como um empurrão material, mas a abundância de luz, de doutrina; o estímulo espiritual da vossa oração e do vosso trabalho, que é testemunho autêntico da doutrina; o cúmulo de sacrifícios que sabeis oferecer; o sorriso que vem aos vossos lábios porque sois filhos de Deus: filiação que vos enche de uma serena felicidade – ainda que na vossa vida, por vezes, não faltem as contradições –, a qual os outros veem e invejam. A tudo isso, acrescentai o vosso garbo e a vossa simpatia humana, e teremos o conteúdo do compelle intrare.
Não vos surpreenda, embora no nosso caso não se trate de ser religiosos nem de viver em comum, que assim fale Santo Agostinho: veni ad istam civitatem propter videndum amicum, quem putabam me lucrari posse Deo, ut nobiscum esset in monasterio10; vim a esta cidade para ver um amigo que, segundo pensava, eu poderia ganhar para Deus, com o fim de que fosse frade no nosso mosteiro.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-2/118/ (17/11/2025)