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Os que são irmãos de Jesus Cristo e trabalham para o único Senhor – embora em labores diversos: fuit... Abel pastor... et Cain agricola40 – não podem ser nunca obstáculo mútuo; a tarefa apostólica não tem limites, e todos os braços são poucos para trabalhar: há trabalho para todos.

Quem fosse um obstáculo para o labor dos seus irmãos – por inveja, por ciúmes ou por tirania – não poderia deixar de aplicar a si próprio aquela dura censura da Sagrada Escritura: é nisto que se conhece quais são os filhos de Deus e quais os do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama o seu irmão. Pois esta é a mensagem que tendes ouvido desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não façamos como Caim, que era do Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as do seu irmão, justas41.

Não tem nada de especial que o Senhor, que é Pai, mostre predileções determinadas por uns e outros dos seus filhos: embora diferentes, tem-nas para com todos; dá a cada qual o que lhe convém, para si e para a utilidade do conjunto da família e do labor.

O erro estaria na indelicadeza do filho que não aceita e não se contenta com o que é seu, bem como no equívoco de invejar o dos outros. Erro que pode levar a cair na tentação de afastar e distanciar o irmão se possível, como fizeram os irmãos de José42.

Notas
40

Gn 4, 2.

41

1 Jo 3, 10-12.

42

Cf. Gn 37.

Referências da Sagrada Escritura
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