28

Todo o nosso trabalho tem, portanto, realidade e função de catequese. Temos de dar doutrina em todos os ambientes; e, para isso, precisamos acomodar-nos à mentalidade de quem nos escuta: dom de línguas. Dom de línguas que nos obriga a falar com conteúdo: de fato, irmãos, escreve São Paulo, se eu fosse ter convosco falando em línguas, de que vos serviria se não falasse instruindo-vos com a Revelação, ou com a ciência, ou com a profecia, ou com a doutrina?38 Logo, há obrigação de se formar: uma obrigação de nos formarmos bem doutrinalmente, uma obrigação de nos prepararmos para que entendam; para que, além disso, quem nos escute saiba depois se expressar.

São Paulo continua: se a língua que falais não for inteligível, como se poderá saber o que dizeis? Não falareis senão ao ar. O dom de línguas obriga-nos a compreender os outros. É também o Apóstolo quem nos ensina: existem muitas línguas diferentes no mundo, e não há povo que não tenha a sua. Portanto, se eu não souber o que significam as palavras, serei um bárbaro ou um estrangeiro para aquele a quem eu falar, e aquele que falar comigo será um bárbaro para mim39.

Não basta dar doutrina de modo abstrato, desvinculado: antes eu vos dizia que é preciso fazer a mais fervorosa apologia da Fé, com a doutrina e com o exemplo da nossa vida, vivida com coerência. Devemos imitar Nosso Senhor, que fazia e ensinava, coepit facere et docere40: o apostolado de dar doutrina fica aleijado e incompleto se não for acompanhado pelo exemplo. Há um dito na sabedoria popular que deixa muito claro o que vos estou dizendo. E o dito é este: frei exemplo é o melhor pregador.

Notas
38

1 Cor 14, 6.

39

1 Cor 14, 9-11.

40

Cf. At 1, 1.

Referências da Sagrada Escritura
Este ponto em outro idioma