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Mas voltemos à Obra e a vós, meus filhos. Já sabeis que, como Nosso Senhor, também eu gosto de usar parábolas, recorrendo sobretudo àquelas imagens de pesca — barcos e redes —, que têm um sabor tão evangélico. Nós somos como peixes apanhados numa rede. O Senhor pescou-nos com a rede do seu amor, entre as ondas deste nosso mundo revolto; porém, não para nos tirar do mundo — do nosso ambiente, do nosso trabalho ordinário —, mas para que, sendo do mundo, sejamos ao mesmo tempo totalmente dEle. Non rogo ut tollas eos de mundo, sed ut serves eos a malo72; não te peço que os tires do mundo, mas que os preserves do mal.
Além disso, esta rede, que nos une a Cristo e nos mantém unidos entre nós, é uma rede amplíssima, que nos deixa livres, com responsabilidade pessoal. Porque a rede é o nosso denominador comum — pequeníssimo — de cristãos que querem servir a Deus na sua Obra; é a formação católica que nos leva a cumprir com a máxima fidelidade o Magistério da Igreja.
Porque somos livres como peixes na água, e porque fomos apanhados na rede de Cristo, não confundimos a Igreja com os erros pessoais de nenhum homem e não toleramos que alguém confunda os nossos próprios erros pessoais com os da Igreja. Não existe o direito de envolver a Igreja com a política, com a atuação política, mais ou menos acertada e sempre opinável, de cada um: isso é muito cômodo e muito injusto. Também não se tem o direito de envolver a Obra com os erros ou acertos de cada um de vós.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/133/ (17/11/2025)