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Mas como vão conseguir que os outros cidadãos católicos abdiquem habitualmente dos seus direitos para se submeterem a um monopólio que não tem razão de ser? Eles o conseguem, muitas vezes, com o que vamos denominar um engano, embora eu não queira julgar a boa-fé com que agem. O engano consiste em confundir os católicos, pedindo-lhes esta unidade inútil e absurda no que é opinável em nome da necessária e lógica unidade no que diz respeito à fé e à moral da Igreja.
Com campanhas políticas bem-organizadas, conseguem desconcertar a opinião pública, fazendo-a acreditar que só eles podem ser baluarte, defesa da Igreja naquelas circunstâncias concretas do seu país. Às vezes, chegam a criar — e a manter depois, enquanto possam — uma situação artificial de perigo, a fim de que os cidadãos católicos se convençam mais facilmente da necessidade de sacrificar suas livres opções temporais e apoiem o partido que assumiu oficialmente a defesa da Igreja.
Não vos surpreendais de que, às vezes, o engano seja tão hábil que nem as próprias autoridades eclesiásticas o percebam, vindo de alguma forma a apoiar aquele partido confessional e reforçando, assim, oficialmente o seu caráter e a sua pretensão de se impor às consciências dos fiéis.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/139/ (20/11/2025)