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O santo é incômodo, eu vos dizia. Mas isso não significa que tenha de ser insuportável. Seu zelo nunca deve ser um zelo amargo; sua correção nunca deve ferir; seu exemplo nunca deve ser uma bofetada moral, dada na cara de seus amigos. A caridade de Cristo — essa santa transigência com as pessoas de que vos falava — deve suavizar tudo, de modo que nunca se possa dizer de um dos meus filhos o que se pode dizer — às vezes, infelizmente, com razão — de certas pessoas boas: que para aturar santo são necessários dois santos.
Nossa atitude deve ser a oposta: não queremos que ninguém se afaste de nós por não termos sabido compreendê-lo ou tratá-lo com carinho. Nunca devemos ser pessoas que vão comprando brigas. Sigamos o conselho de São Paulo: vivei em paz com todos os homens se for possível, enquanto depender de vós100.
Esforçamo-nos por viver em paz, mesmo quando os outros não querem: abençoai os que vos perseguem: abençoai-os e não os amaldiçoeis. A ninguém devolvais o mal com o mal, procurando fazer o bem, não só diante de Deus, mas também diante de todos os homens101. Nunca tratamos ninguém como inimigo, porque não podemos ser inimigos de ninguém.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/160/ (17/11/2025)