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Este é o meu espírito e este deve ser o vosso espírito, minhas filhas e filhos. Não vindes à Obra para buscar nada: vindes entregar-vos, renunciar, por amor de Deus, a qualquer ambição pessoal. Todos têm de deixar alguma coisa se quiserem ser eficazes em Casa e trabalhar como Deus nos pede, como um burrinho fiel, ut iumentum! A única ambição do burrinho fiel é servir, ser útil; o único prêmio que ele espera é aquele que Deus lhe prometeu: quia tu reddes unicuique iuxta opera sua113, porque o Senhor recompensa cada um segundo as suas obras.
Filhos da minha alma: estais aqui, na Obra, porque o Senhor colocou em vossos corações o desejo puro e generoso de servir; um verdadeiro zelo, que faz com que estejais dispostos a qualquer sacrifício, trabalhando silenciosamente pela Igreja sem procurar qualquer recompensa humana. Enchei-vos dessas nobres ambições; reforçai em vosso coração esta disposição santa, porque o trabalho é imenso.
Devemos pedir a Deus, Nosso Senhor, que aumente nosso desejo de servir, porque messis quidem multa, operarii autem pauci114; porque os trabalhadores são poucos e a messe é grande: o mar do trabalho apostólico não tem praias, e há no mundo tão poucas almas que queiram servir! Considerai o que aconteceria se nós que queremos servir não nos entregássemos plenamente.
Meus filhos, nossa vida é curta, temos pouco tempo para viver na terra, que é quando podemos fazer este serviço a Deus. Diz o poeta: ao brilhar um relâmpago nascemos, e ainda dura o seu fulgor quando morremos, tão curto é o viver! 115 O salmista o escreve melhor: homo, sicut foenum dies eius, tamquam flos agri, sic efflorebit116; o homem, cujos dias são como o feno, florescerá como a flor do campo, que nasce com o primeiro beijo do sol e à noite murcha. É por isso que São Paulo nos diz: tempus breve est117, quase não temos tempo!
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/171/ (15/11/2025)