18
Eu quis, filhos queridíssimos, descrever-vos alguns traços do nosso modo de santificar a vida ordinária, convertendo-a em meio e ocasião de santidade própria e alheia. Alcançaremos esse fim se tivermos presente esta condição: que cuidemos da importância das pequenas coisas.
É oportuno relembrar a história daquele personagem20, imaginado por um escritor francês, que pretendia caçar leões nos corredores de sua casa e, naturalmente, não os encontrava. Nossa vida é comum e corrente: querer servir ao Senhor com grandes coisas seria como tentar caçar leões nos corredores. Assim como o caçador da história, acabaríamos de mãos vazias: as coisas grandes, geralmente, ocorrem apenas na imaginação, raramente na realidade.
Por outro lado, ao longo da vida, se o Amor nos move, quantos detalhes que podem ser cuidados nós encontraremos, quantas ocasiões para prestar um pequeno serviço, quantas contradições — sem importância — saberemos apreciar. Pequenas coisas que custam e são oferecidas por um motivo específico: a Igreja, o Papa, os teus irmãos, todas as almas.
Meus filhos, repito-vos mais uma vez: teríamos errado o caminho se desprezássemos as coisas pequenas. Neste mundo, tudo o que é grande é uma soma de coisas pequenas. Prestai atenção ao pequeno, que estejais nos detalhes. Não é obsessão, não é mania: é carinho, amor virginal, sentido sobrenatural em todos os momentos e caridade. Sede sempre fiéis nas pequenas coisas por Amor, com retidão de intenção, sem esperar na terra um sorriso ou um olhar de gratidão.
“aquele personagem”: faz alusão ao protagonista da novela Tartarin de Tarascon (1872), de Alphonse Daudet (1840-1897). [N. do E.]
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/18/ (11/01/2025)