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Se assim viverdes, fareis com a vossa vida um fecundo apostolado e, no final do caminho, merecereis o louvor de Jesus: quia super pauca fuisti fidelis, super fine constituam: intra in gaudium domini tui21; já que foste fiel no pouco, nas pequenas coisas, eu te entregarei o muito: entra no gozo do teu Senhor.
Nossa vida é simples, comum, mas, se a viverdes de acordo com as exigências do nosso espírito, ela será ao mesmo tempo heroica. A santidade nunca é uma coisa medíocre, e o Senhor não nos chamou para tornar mais fácil, menos heroico, caminhar para Ele. Ele nos chamou para que lembremos a todos que, em qualquer estado e condição, em meio às nobres ocupações da terra, eles podem ser santos: que a santidade é algo acessível. E, ao mesmo tempo, para que proclamemos que a meta é bem alta: sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito22. Nossa vida é o heroísmo da perseverança no ordinário, nas coisas de todos os dias.
A vida habitual não é algo sem valor. Se fazer as mesmas coisas todos os dias pode parecer chato, plano, sem atrativos, é porque falta amor. Quando há amor, cada novo dia tem outra cor, outra vibração, outra harmonia. Que façais tudo por Amor. Não nos cansemos de amar o nosso Deus: precisamos aproveitar todos os segundos da nossa pobre vida para servir todas as criaturas, por amor a Nosso Senhor, porque o tempo da vida mortal é sempre pouco para amar, é curto como o vento que passa23.
Alguém pode, talvez, imaginar que na vida ordinária há pouco a oferecer a Deus: ninharias, insignificâncias. Um menino, querendo agradar seu pai, oferece-lhe o que tem: um soldadinho de chumbo sem cabeça, um carretel sem linha, umas pedrinhas, dois botões: tudo o que tem de valor em seus bolsos, seus tesouros. E o pai não considera a puerilidade do presente: agradece e estreita o filho junto do seu coração, com imensa ternura. Procedamos assim com Deus, e essas ninharias — essas insignificâncias — tornam-se coisas grandes, porque é grande o amor: isso é o que corresponde a nós, tornar heroicos por Amor os pequenos detalhes de cada dia, de cada instante.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/19/ (15/11/2025)