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O Senhor quer que sejamos humildes: essa humildade não significa que não chegueis aonde deveis chegar no campo profissional, no trabalho ordinário e, é claro, na vida espiritual. É preciso chegar, mas sem procurar a vós mesmos, com retidão de intenção. Não vivemos para a terra, nem para a nossa honra, mas para a honra de Deus, para a glória de Deus, para o serviço de Deus: só isso nos move.
Deus quis servir-se de vós, de vossa luta por alcançar a santidade, e inclusive dos vossos talentos humanos. Lembrai-vos sempre do mandamento de Cristo: deixai brilhar a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus27. A Ele toda a glória, toda a honra: soli Deo honor et gloria in saecula saeculorum28, só a Deus devemos dar honra e glória, pelos séculos sem fim.
Não deixeis de meditar nas palavras do Apóstolo: pois bem, quem é Apolo, quem é Paulo? Simples ministros daquele em quem crestes, e cada um segundo o dom que o Senhor lhe concedeu. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. E assim nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que deu o incremento29.
Não esqueçais que é um sinal de predileção divina passar ocultos. Apaixona-me o texto do Evangelho em que São João, ao descrever um grupo de discípulos, nos diz: estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia, e os filhos de Zebedeu, e outros dois discípulos30. Tenho muita simpatia por esses dois cujos nomes nem sequer são conhecidos, pois passam despercebidos. Dá-me muita alegria pensar que se pode viver uma vida inteira assim: ser apóstolo, ocultar-se e desaparecer. Embora às vezes custe, é muito bonito desaparecer: Illum oportet crescere, me autem minui31.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/21/ (15/11/2025)