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Não podemos abandonar nossa vida de piedade, a nossa vida de sacrifício, a nossa vida de amor. Fazer a comédia diante de Deus, por amor, para agradar a Deus, quando se vive na adversidade, é ser um jogral de Deus. É bonito — não duvides — fazer comédia por Amor, com sacrifício, sem qualquer satisfação pessoal, para agradar o Senhor, que brinca conosco. Viver de amor, sem mendigar compensações terrenas, sem procurar pequenas infidelidades miseráveis, sentir-se orgulhoso e bem pago só com isso: transformar a prosa ordinária em decassílabos de poema heroico.
Obras são amores. Quem recebeu os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e quem me ama será amado por meu Pai e eu o amarei, e eu mesmo me manifestarei a ele45. Se o Senhor nos dá, às vezes, a sua graça e nos faz compreender seus julgamentos incompreensíveis46, que são mais doces que o mel e o favo47, isso não acontece normalmente; devemos cumprir nosso dever não porque ele nos agrade, mas porque temos essa obrigação. Não temos de trabalhar porque nos apetece, mas porque Deus o quer: e então deveremos trabalhar de boa vontade. O amor alegre, que torna a alma feliz, fundamenta-se na dor, na alegria de ir contra as nossas inclinações, para prestar um serviço ao Senhor e à sua Santa Igreja.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/42/ (16/11/2025)