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Quantos dos que ousam, na confusão da multidão, lançar um insulto grosseiro, uma vilania, à passagem do grande cortejo emudeceriam acovardados se estivessem sozinhos, frente a frente, a descoberto, assumindo a responsabilidade por seus atos! A insinceridade, que leva ao anonimato e à covardia, a evitar a responsabilidade pelos próprios atos, levanta a mão desconhecida em meio ao tumulto da rua para despedaçar —com uma pedrada — o vitral gótico de uma catedral. A razão cristã, que nos faz amar a liberdade e a responsabilidade pessoal de todos os homens, deve tornar-nos amigos de conhecermos a nós mesmos, a fim de aceitarmos as consequências dos nossos atos livres: o exame de consciência diário dar-nos-á o conhecimento próprio, a verdadeira humildade, e, como consequência, nos obterá do céu a perseverança.
Ó Senhor! tu me examinaste e me conheces, nada do meu ser está oculto a ti... Pois a palavra ainda não está na minha língua, e tu, meu Deus, já sabes de tudo... Onde eu poderia fugir do teu espírito? Para onde fugir da tua presença? Se eu subir ao céu, tu ali estás; se eu descer aos abismos, ali estás presente... Se eu disser: a escuridão me ocultará, a noite será minha luz ao meu redor, tampouco as trevas são densas para ti, e a noite brilharia como o dia, porque para ti as trevas e a luz são iguais83.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/58/ (17/11/2025)