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Filiação divina, portanto. Com essa crença maravilhosa não perdemos a serenidade: para nos sentirmos seguros; para voltar, se nos desgarramos em alguma escaramuça desta luta diária — mesmo que tenha sido uma grande derrota —, pois por nossa fraqueza podemos nos desgarrar, e de fato nos desgarramos. Sintamo-nos filhos de Deus, para voltarmos a Ele com gratidão, certos de que seremos recebidos por nosso Pai do céu.
O Senhor fala-nos — se o quisermos ouvir, no fundo da nossa alma, por meio das pessoas e dos acontecimentos — como um Pai amoroso; e nos dá, sem espetáculo, a graça conveniente, a fim de termos as forças necessárias, inclusive a energia humana, para terminar as coisas com o mesmo entusiasmo com que as iniciamos. Por isso, o endeusamento que nos leva a perseverar, a viver cheios de confiança, a superar as dificuldades, já não é um grito de soberba. É um grito de humildade: uma forma de demonstrar nossa união com Deus, uma manifestação de caridade; é a nossa própria miséria que nos leva a refugiar-nos em Deus, a nos endeusarmos.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-1/83/ (17/11/2025)