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Voltemos agora a deter-nos na consideração de algumas características principais desses centros de ensino que serão obras corporativas do Opus Dei; características estas que, em grande parte, procuraremos que tenham também esses outros centros promovidos e dirigidos por colaboradores do nosso apostolado.

Já disse que nossas obras corporativas de ensino serão relativamente poucas – será preciso atender às circunstâncias da geografia, da história e do tempo –, mas haverá de todos os níveis e de todos os tipos: colégios de ensino médio, faculdades universitárias, escolas técnicas e de capacitação profissional, escolas do lar, academias, institutos de idiomas, granjas-escolas etc.

Também serão sempre poucos os membros da Obra que trabalharão nesses centros: não podemos fazer como um pavoneio de pessoal, e convém que – na maior parte dos casos – cada qual exerça individualmente a sua profissão. Seria um erro reunir no mesmo lugar muitos da nossa Família para trabalhar profissionalmente na mesma atividade. Nós sentimos a necessidade de abrir-nos em leque, de fazer-nos presentes em toda parte, de chegar ao maior número possível de pessoas, de fazer com que muita gente colabore em nossos apostolados.

Portanto, nesses centros trabalharão poucos membros da Obra. Devem ser sobretudo nossos colaboradores e amigos quem se encarregue da maior parte do trabalho docente: homens e mulheres bem-preparados profissionalmente, de boa conduta, que possam entender a fisionomia própria dessa atividade apostólica, que estejam dispostos a trabalhar com empenho – sempre com a remuneração que seja justa; mais do que justa: generosa – e que, desse modo, conhecerão melhor, praticarão e ensinarão a praticar o espírito sobrenatural da Obra.

Trabalharão ali católicos e não católicos, pois sentimos predileção pelo apostolado ad fidem: pessoas nobres e leais que, ao se aproximarem de nós por ocasião do trabalho profissional e sentir-se conquistados pela amizade sincera e o carinho dos meus filhos, irão perdendo toda aversão ou indiferença possíveis para com a Igreja e colaborarão com gosto em nosso apostolado, no mínimo pelo seu valor humano; e que, com a oração e a mortificação de todos, bem como uma delicada e prudente catequese, poderão chegar a receber a graça da conversão e o gozo da fé sobre o fundamento da sua retidão, podendo-se depois dizer deles aquele elogio que recolhem os Atos dos Apóstolos: estava instruído no caminho do Senhor, e falava fervorosamente, e ensinava com diligência tudo o referente a Jesus30.

Será preciso, no decorrer do tempo, organizar cursos de formação para esses mestres, a fim de que melhorem suas qualidades didáticas, troquem impressões sobre as experiências pessoais do seu trabalho e se acendam em desejos de aproveitar a sua tarefa profissional para fazer um apostolado eficaz nas almas dos seus alunos.

Notas
30

At 18, 25.

Referências da Sagrada Escritura
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