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Não poucas vezes, a Igreja teve de exigir, com sobrenatural fortaleza, o respeito ao seu irrenunciável direito de ensinar todo o necessário para o cumprimento do seu fim. No próprio objeto da sua missão educativa, isto é: na fé e na instituição dos costumes, o próprio Deus fez a Igreja participante do magistério divino..., e ela tem em si mesma arraigado o direito inviolável e a liberdade de ensinar5; para a salvação das almas, para estender o Reino de Deus, para renovar todas as coisas em Cristo6.

É missão própria e direta da Hierarquia o ensino de tudo o que se refere ao nosso último fim. Mas, como nenhuma coisa que contribua para o bem dos homens e da sociedade civil pode ser radicalmente estranha a esse fim, ao cumprir a Hierarquia a sua missão ela fez sentir o seu influxo benfeitor nas mais diversas ordens da vida e da cultura humana. E, ao mesmo tempo, todos os que retamente trabalham nesses setores da atividade temporal contribuem de algum modo com a missão santificadora e redentora da Igreja.

Daí que todos os cristãos, sem exceção, devam sentir a responsabilidade apostólica no exercício do seu trabalho profissional, seja ele qual for: porque, se essas atividades foram deixadas à livre iniciativa dos homens, não quer dizer que foram despojadas da sua capacidade de cooperar de alguma maneira com a obra da redenção. O que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo. A alma está estendida por todos os membros do corpo: e os cristãos, pelas cidades do mundo. Certamente, a alma habita no corpo, mas não procede do corpo: assim como os cristãos vivem no mundo, mas não são do mundo7.

Notas
5

Pio XI, Encíclica Divini illius Magistri, 31 de dezembro de 1929, AAS 22 (1930), p. 54; Cf. LEÃO XIII, Encíclica Libertas, 20 de junho de 1888, AAS 20 (1887), pp. 593-613.

6

Ef 1, 10.

7

A Diogneto, 6 (SC 33, p. 65).

Referências da Sagrada Escritura
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