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Não é meu propósito fazer nesta carta uma exposição detalhada das principais exigências da nossa vocação. No entanto, como deixei-me levar por São João para vos falar da necessidade do sacrifício no cumprimento da vontade do Pai, permiti-me que vos recorde agora a doutrina que o mesmo apóstolo dava aos primeiros cristãos, desejosos também de conhecer as obrigações da sua vocação cristã.
Trata-se de um ensinamento que possui toda a atualidade autêntica e perene do Evangelho, feita mais patente aos nossos olhos – por graça especial de Deus – em virtude da luz que põe na nossa alma o profundo sentimento da filiação divina: Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, e sim o mandamento antigo, que recebestes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que acabais de ouvir. Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo – verdadeiramente novo, nele como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz. Aquele que diz estar na luz e odeia seu irmão jaz ainda nas trevas. Quem ama seu irmão permanece na luz e não se expõe a tropeçar. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos; as trevas cegaram seus olhos27.
Caminho de amor é o nosso, meus filhos. De amor a Deus, nosso Pai; de sincera, constante e delicada caridade fraterna. Sempre e em tudo deveis viver a caridade, porque também continuamente a caridade do nosso Pai celestial é derramada nos nossos corações28. Unidos na caridade de Deus, consummati in unum29, vivendo o mandatum novum30 do Senhor, seremos luz e calor de Deus entre os homens e fortes como uma cidade amuralhada: frater qui adiuvatur a fratre quasi civitas firma31, o irmão ajudado pelo seu irmão é como uma cidade fortificada.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-br/cartas-2/37/ (15/11/2025)