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71A Obra tem um fim exclusivamente sobrenatural; por isso, faz parte do seu espírito a liberdade pessoal de cada um dos seus membros; e por isso também não excluímos ninguém do nosso trabalho, nenhuma alma que queira vir compartilhar dos nossos afãs, ainda que não tenha a nossa fé.

Sabeis bem que não existe nenhum absolutismo possível dentro da nossa família espiritual; vão-se tomando todas as precauções para evitar esse dano, fazendo com que o governo seja colegial. No entanto, dentro do Opus Dei, no fundamental, não haverá nenhuma desagregação viável, não haverá opiniões: estamos consummati in unum72. Temos um breve denominador comum, que é a doutrina da Igreja e, dentro dela, o espírito característico da Obra e a maneira peculiar de exercer o apostolado no meio da rua, buscando a santidade pessoal e a de todos os que nos rodeiam; e um numerador amplíssimo, um mar sem praias, sempre conforme a geografia e o tempo, em que as diversas opiniões são e serão constantemente prova de bom espírito, manifestação patente de que – no Opus Dei – não há tiranos nem escravos.

O Senhor deu-nos luz suficiente para compreender algo que está na história dos homens: quem foi escravizado, geralmente, depois se torna déspota. No entanto, na Obra existe uma ordem, tem de existir; caso contrário, o nosso Opus Dei não poderia ser instrumento para servir às almas, para servir à Igreja, para ser fiel ao Magistério do Romano Pontífice.

Mas esta ordem, vivida tanto com uma docilidade extremada e voluntária quanto com liberdade, é – creio que me compreendereis – uma organização desorganizada; por isso volto a repetir: no temporal e no teológico que não é de fé, as opiniões são admitidas e respeitadas, como uma sadia manifestação de bom espírito.

Notas
71

Sobre o significado de “não haverá opiniões”, veja-se o Glossário.

72

Jo 17, 23.

Referências da Sagrada Escritura
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